Redação | São Paulo - 12/11/2015
Em Medellín, ex-presidente uruguaio também afirmou que integração na América Latina não é "sonho bolivariano", mas um grito de "socorro"
"Não faço apologia à pobreza, faço apologia à liberdade. Dizem que
sou um velho pobre, mas pobres são eles que andam desesperados pagando contas e
se tornam consumidores de coisas secundárias", afirmou o ex-presidente do
Uruguai José 'Pepe' Mujica nesta quarta-feira (12/11).
EFE
Mujica falou durante conferência de Ciências Sociais em cisade colombiana
A declaração do líder uruguaio — conhecido pelo seu estilo de vida austero — ocorreu durante a sétima edição da CLACSO (Conferência Latino-Americana e Caribenha de Ciências Sociais) na cidade de Medellín, na Colômbia.
Durante seu discurso, Mujica pediu que os governantes não sejam
"fracos" na hora de tomar decisões políticas e sublinhou que há uma
"crise colossal" no mundo que só pode ser solucionada com medidas em
favor da "igualdade", contra a "pobreza" e pela
sustentabilidade.
No evento, ele também defendeu que a a integração é "imprescindível" para o desenvolvimento da América Latina e para protegê-la de "monstros" como os Estados Unidos e a Europa, reportou a Agência Efe.
No evento, ele também defendeu que a a integração é "imprescindível" para o desenvolvimento da América Latina e para protegê-la de "monstros" como os Estados Unidos e a Europa, reportou a Agência Efe.
A um público de 8 mil pessoas, Mujica lamentou que "apenas"
20% do comércio exterior na América Latina seja "interregional". Aos
seus olhos, não se trata de um "sonho bolivariano", mas de um grito
de "socorro", pois a América Latina precisa de "algo comum que
nos defenda".
"Passamos 200 anos fazendo comércio com todo o mundo e de costas
para nós mesmos. Fazemos muitos discursos de integração, mas, no ponto de vista
prático, fazemos muito pouco", comentou o ex-presidente uruguaio.
O tema da integração regional tem sido recorrente nos discursos de
Mujica nos últimos tempos. No fim de outubro, o líder uruguaio disse, em
palestra em Paris, que a Europa estava centrada em seus próprios problemas
internos e apresentava uma "falta de vontade" para estabelecer um
acordo comercial com a América Latina. "A
Europa não está à altura da civilização que criou", sintetizara, na
ocasião.
Antes, Mujica também esteve em São Paulo para a
abertura do congresso da CUT, onde foi exaltado pelo ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e chamado de "dom Pepe" pela presidente brasileira,
Dilma Rousseff. À época, ele dissera que é preciso avançar na unidade e na
integração sul-americana como forma de fazer frente ao capitalismo globalizado.
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