sexta-feira, 4 de setembro de 2015

TAMBÉM VOU PARA PASSÁRGADA
Joaquina Lacerda Leite (Salvador, 8/9/1997)

Tal como Manuel Bandeira,
Também vou para Passárgada.
Ficar aqui já não me apraz,
Não estou mais apaixonada.

O que não encontro mais aqui
Vou procurar em Passárgada:
Justiça, respeito, sinceridade
E muita pureza d'alma.

Vou-me embora prá Passárgada
Buscar uma vida diferente
Lá poderei andar nua
Quando o sol estiver muito quente.

Vou-me embora prá Passárgada
Viver com mais liberdade
Aqui as proibições são tantas
Que me furtam a criatividade.

Vou-me embora prá Passárgada
Morar que nem gente decente
Lá tem casa, comida, lazer
(E livros!) para toda a sua gente.

Vou-me embora prá Passárgada
Lá, poderei trabalhar
Aqui só tem trabalho para as máquinas
Que do homem ocupam o lugar.

Vou-me embora prá Pasárgada
Procurar terra para plantar.
Aqui a terra é de poucos
Que nem sabem a terra arar.

Vou-me embora pra Pasargada
Em busca de solidariedade
Já não encontro doçura e afeto
Nas ruas desta cidade.

Sei que a ida não é fácil,
Estou toda embaraçada!
Ninguém me sabe informar
Prá que lado fica a estrada!

Mas é tanta a minha vontade
De encontrar esse lugar
Que não medirei esforços
Para um dia chegar lá.

E ainda que descubra
Que a estrada é um labirinto
Seguirei sempre em frente,
Ficar aqui é que não fico.


Dos amigos que deixo
Com saudades vou lembrar
Prometo avisar a todos
Quando em Passárgada chegar.

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